Por Alexandre Padilha para o portal da Revista Forum

 

É hoje que o mundo celebra o Dia Internacional da Mulher, mas, na minha opinião, a data deveria ser enaltecida todos os dias. Digo isso pelo significado e por suas histórias de lutas pelos direitos civis, políticos e sociais alcançados e por lidarem diariamente com o assédio, violência, sexismo, machismo, misoginia.

Não é fácil ser mulher na sociedade, ainda mais nos tempos sombrios que vivemos. De acordo com o IBGE, as mulheres dedicam 73% a mais de tempo do que os homens nos afazeres de casa e com a família; em 2017, os casos de homicídios dolosos tiveram aumento de 6,5% em relação a 2016. Foram registrados 4.201 homicídios – 812 feminicídios – ante 4.473, com 946 feminicídios, ou seja, cerca de 12 mulheres são assassinadas todos os dias no Brasil, de acordo com um levantamento feito por um portal de notícias em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Elas foram as mais prejudicas pelo golpe político/midiático/judiciário de 2016, principalmente as negras e que moram em regiões periféricas das cidades. Com a maior taxa de desemprego da história, mais de 204 mil pessoas ingressaram no trabalho doméstico nos últimos anos, sendo a categoria que mais emprega mulheres, cerca de 7 milhões, de acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD 2017).

Há ainda a reforma trabalhista, já aprovada, e que pressupõe a possibilidade de gestantes e lactantes trabalharem em condições insalubres, aumento da jornada de trabalho – isso porque as mulheres já fazem jornada dupla entre o trabalho e os afazeres domésticos e familiares -, férias fatiadas… e a reforma da previdência – com aprovação adiada em decorrência da intervenção militar absurda no Rio de Janeiro -, que pretende igualar a idade para aposentadoria de homens e mulheres, e essa é só uma das propostas, uma das mais absurdas, tendo em vista o que já falei a cima: as mulheres trabalham muito mais que nós, homens, têm dupla e, às vezes, tripla jornada de trabalho.

E a possível aprovação da PEC 181, que proíbe o aborto em qualquer situação, incluindo casos de estupro e risco de morte para a gestante, em um país onde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma mulher morre a cada dois dias por complicações decorrentes do aborto clandestino, e onde cerca de um milhão de procedimentos – a maioria inseguros – são realizados todo ano.

Quando ministro da Saúde da presidenta Dilma, assinei, junto com a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, a lei que obriga o SUS a acolher vítimas de violência sexual – e que o Eduardo Cunha e a bancada da misoginia tentaram anular. E aqui com Doria na cidade de São Paulo vemos o fechamento de serviços de referência para a mulher vítima de violência. Conquistas importantes que ajudei a implantar quando secretário de Saúde na gestão do prefeito Fernando Haddad.

Como aceitar tamanhos retrocessos?

Não, não vamos admitir. Há muito o que se fazer pela vida das mulheres. Muitos direitos foram adquiridos ao longo dos anos e é desesperador ver uma cambada de homens, brancos e ricos, que acham que podem brincar e eliminar tamanhas conquistas.

Estávamos construindo a equidade com políticas progressistas contra a violência à mulher, políticas sociais e de saúde que garantem o bem-estar e a vida sexual e reprodutiva; as escrituras dos imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida em nome das mulheres e a titularidade para receber o Bolsa Família. Tudo isso porque a mulher é a grande provedora do cotidiano da maioria das famílias brasileiras.

Mesmo diante deste cenário desanimador, elas lutam, nós lutamos, para que um país tão patriarcal e, agora muito mais conservador, tenha menos desigualdade de gênero.

É PELA VIDA DAS MULHERES.

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