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Por Raphael Rocha | Diário do Grande ABC
Vice-presidente nacional do PT, o ex-ministro Alexandre Padilha reafirmou decisão do partido de caminhar “até o limite da Justiça Eleitoral†com a candidatura ao Planalto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado e preso no âmbito da Lava Jato. O dirigente revelou que a cúpula petista se reuniu logo após o julgamento do caso de Lula no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que iniciou na sexta-feira e terminou na madrugada de sábado, e outra vez ontem para tentar rever o impedimento. “O PT tem direito a três recursos: no próprio TSE, de embargos, exatamente porque a decisão tem divergência entre os integrantes, ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e ao STF (Supremo Tribunal Federal).â€
Em visita ao Diário, Padilha sugeriu que a sigla vai esticar a corda, ultrapassando o prazo de dez dias estabelecido pela Justiça Eleitoral para substituição do nome de Lula – atualmente vice na chapa, o ex-prefeito da Capital Fernando Haddad realiza, no entanto, campanha presidencial como porta-voz do ex-presidente, detido há quase cinco meses. “A legislação eleitoral estabelece 17 de setembro como data limite para que a coligação possa trocar nome. Temos pelo menos três possibilidades, e vamos até o fim. Paralelamente a isso, continuar o papel fundamental que o Haddad está cumprindo, indicado pelo Lula como seu coração, alma e pernas, circulando o País, apresentando o programa de governo.â€
Na última pesquisa Datafolha, com o nome de Lula, o petista aparece na liderança da sondagem, com 39%, 20 pontos percentuais a mais que o segundo colocado, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), com 19%. No cenário sem o ex-presidente, quem encabeça o levantamento é Bolsonaro, com 22%, e Haddad registra 4%. Questionado se haverá tempo hábil para reverter esse panorama, Padilha falou que, “embora haja estado de exceçãoâ€, a direção do partido manterá a tática, considerada “corretaâ€. “Hoje, Lula e Haddad são quase uma coisa só, simbolizam a mesma coisa. Se acontecer violência por parte da Justiça, de impedir definitivamente a candidatura, tenho certeza que o PT estará no segundo turno. Há sentimento de mudança no País, e o PT canaliza isso.â€
O ex-ministro considerou que Bolsonaro apresenta chances de ir para o segundo turno. Segundo Padilha, as forças políticas que deram “o golpe no País estão com problemãoâ€. “Quem espalhou o enxofre que segure o rabo. Semearam intolerância, ódio à esquerda e quem cresceu é essa criatura nefasta que foi o Bolsonaro.â€
Ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff (PT), Padilha, que é candidato a deputado federal neste pleito, avaliou que é possível perceber que “a estrela do PT está subindoâ€. “Tem pesquisa (Datafolha) que indica que a preferência partidária pelo PT atinge 24%. Estou sentindo clima de virada quando visito a periferia, universidade. Percebeu-se a injustiça cometida em relação ao presidente Lula.
Ex-ministro evita falar em recall de 2014
Candidato do PT ao governo de São Paulo em 2014, Alexandre Padilha evitou tratar sobre eventual recall eleitoral da empreitada majoritária, quando teve o nome mais conhecido no cenário estadual, para a atual campanha a deputado federal, sua estreia proporcional. “Tenho plena humildade de que não existe eleição ganha. Não é porque tive quase 4 milhões que metade vai votar em mim, ou 10%, até porque há vários companheiros valiosos (na chapa), mas sinto, nesta minha primeira experiência, que campanha está com volume muito interessanteâ€, pontuou. Naquele pleito, ficou em terceiro lugar, com 18,22% dos votos, atrás de Paulo Skaf (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB), que venceu no primeiro turno.
Padilha elencou série de dobradas firmadas no Grande ABC, entre elas com o ex-prefeito de Mauá Oswaldo Dias (PT, postulante à Assembleia) e os deputados estaduais Luiz Fernando Teixeira e Teonilio Barba, ambos do PT de São Bernardo e que buscam reeleição. O ex-ministro mencionou que o páreo de outubro pode ser de reconstrução do petismo tanto na campanha federal quando na esfera paulista para “reposicionar lideranças políticas†em seus municípios.
O ex-ministro falou em levantar bandeira de mudança na tabela de financiamento do SUS (Sistema Único de Saúde), revogação do teto dos gastos e da reforma trabalhista, além da implantação de “reforma tributária justaâ€. “Temos proposta ousada de isenção do IR (Imposto de Renda) para quem ganhar até cinco salários mínimos. Precisamos discutir outras faixas de tributação para que os mais ricos possam contribuir, a taxação (por exemplo) de coisa chamada repartição de lucros e dividendos.â€