Nesta segunda-feira (10) foi ao ar pela TV PT o segundo programa da Rede em Defesa da Vida, ancorado pelo deputado e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha. O debate desta semana foi sobre o impacto da covid-19 nas mulheres e contou com a participação da deputada federal Maria do Rosário e da cientista social, dirigente da APEOESP e secretária Nacional de Políticas de Combate ao Racismo da CUT- Brasil, Anatalina Lourenço.
Padilha deu início ao debate lendo a carta divulgada pelo presidente Lula no sábado (8) quando o país chegou a marca de 100 mil mortes por covid-19 e comentou o estudo da Unesp, UFSCar, IMIP e UFSC que mostrou que a cada 10 gestantes que morreram por covid-19 no mundo, 8 são brasileiras. “O Brasil é responsável por cerca de 80% dos óbitos de gestantes no mundo inteiro”.
Padilha trouxe também dados apresentados pela professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal de Santa Catarina, Roxana Knobel, na reunião de semana passada na Comissão Externa que acompanha as ações de enfrentamento a covid-19 na Câmara dos Deputados, que apontou a piora da evolução dos óbitos de gestantes e também a diferença racial entre os óbitos de mulheres brancas e negras, que são hospitalizadas em piores condições. O risco de uma gestante negra morrer é duas vezes maior que uma branca.
Anatalina Lourenço ressaltou sobre a incerteza, insegurança e o medo das mulheres grávidas que tem que lidar com o momento de suas vidas, que deveria ser de muita alegria, mas que estão enfrentando essa conjuntura. “Para além da discussão da questão da saúde também é importante o psicológico dessas mulheres. Os dados trazidos pelo Padilha deixa as gestantes muito mais apreensivas, em especial as negras, pobres e periféricas, que são aquelas que estão em maior vulnerabilidade, principalmente porque o SUS é uma instituição pública e também reproduz o racismo institucional, que é uma sequela direta do que chamamos de racismo estrutural”.
Anatalina ainda avaliou que se em uma conjuntura não pandêmica o país já registra o número de óbitos elevados das parturientes negras, a conjuntura da pandemia reforçou a desigualdade social no país.
A deputada Maria do Rosário afirmou que o governo Bolsonaro é contra a vida em todos os sentidos, inclusive contra economia, e que não há proteção para nenhum brasileiro e brasileira diante da pandemia, muito menos proteção especifica para quem está grávida.
“A gravidez sempre é um momento de muita apreensão, não há uma mulher que nesse período não seja acometida pela preocupação e medo, imagine neste momento, e não há uma proteção especial. Com a covid-19, o acompanhante está praticamente descartado na cena do parto. O pré-natal também está dificultado, muitas mulheres estão com medo de seguirem o pré-natal na rede de saúde, na UBS. O governo não tomou uma medida para prevenir, atender, e não é uma responsabilidade só do sistema de saúde, a desconexão do sistema de saúde e de assistência social nesse momento está sendo gravíssima. Não há uma coordenação nacional para essa política”.
Maria do Rosário avaliou ainda que essa situação faz parte do genocídio em curso no Brasil “ele é caracterizado justamente por um ataque coordenado e articulado por omissão e negligência voltado a populações especificas, e em determinadas circunstancias com traços raciais. ”
Violência contra mulher
Padilha também abordou o aumento da violência contra mulher nesse período. Anatalina avalia que esse agravamento é decorrente de vários fatores neste momento de pandemia. “Acredito que a violência contra mulher possui três fatores: machismo/misoginia, a conjuntura que minimiza o feminicídio e a vulnerabilidade das famílias. Esses três fatores em conjunto fazem com que as mulheres que estão constantemente nesse processo, aprofundem nesse momento. Não há políticas desenvolvidas contra o coronavírus e a violência contra a mulher ou ao feminicídio. Temos nacionalmente a redução drástica do financiamento das campanhas e dos recursos para a proteção das mulheres. O feminicídio não é exclusivo de uma classe social, mas na condição de pandemia temos um grupo maior de mulheres que está em maior vulnerabilidade, que necessitam do amparo do estado e não o tem”.
“Este governo genocida não cria um ambiente de proteção onde as pessoas possam ir, que elas se sintam seguras, ele abandonou as pessoas. Quando a mulher não tem renda, ela não tem pra onde ir. Há uma emergência do feminicídio no nosso país. Os governos poderiam salvar a vida das mulheres se todas as políticas e equipamentos de proteção não tivessem sido desmontados. Construímos uma lei de proteção as mulheres, as ouvindo, mas sabemos que esse presidente não vai colocar em prática. Só com a voz das mulheres é que vamos derrotar o fascismo, estamos muito ligadas no que está acontecendo porque a gente gera, coloca no mundo, queremos a vida. E esse governo é a destruição da vida.”, avalia Maria do Rosário.
Rede em Defesa da Vida na TV PT
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