Fotos: Gustavo Bezerra

Responsável pela organização do evento, como titular da Segunda Secretaria da Casa, a pernambucana destacou as ameaças desferidas pelo Executivo aos direitos do povo e a soberania nacional.

Ao comandar a cerimônia de entrega da Medalha do Mérito Legislativo, na Câmara dos Deputados, nesta manhã, com a presença do presidente Jair Bolsonaro – que foi um dos indicados para receber a comenda – a deputada Marília Arraes (PT-PE), titular da Segunda Secretaria da Casa fez duras críticas ao presidente e seu governo.

Em seu discurso, a parlamentar destacou as ameaças desferidas pelo Executivo à democracia e aos direitos do povo brasileiro, num recado claro ao presidente. “O Poder Executivo, eleito de maneira majoritária, também deveria se comportar como representante do povo. Mas, muitas vezes, este pretenso povo age antidemocraticamente, quando animado por espírito sectário, taxando como inimigos e excluindo os divergentes da entidade unitária e mítica da qual julgam fazer parte aqueles que não se encontram dentro de seu cercadinho mental”, disparou.

A deputada fez questão de ressaltar o relatório “The Global State Of Democracy 2021”, publicado há dois dias, que aponta o Brasil como o país que mais perdeu atributos democráticos em 2020. “Nem sempre quem se intitula representante do povo e de sua vontade age em nome dele e como se espera em uma Democracia. Dentre os países classificados como Democracias em declínio, o Brasil se destaca em mais um ranking que não gostaríamos de pontuar: foi o que mais perdeu atributos democráticos em 2020. O Presidente da República é apontado como ameaça ao descumprir decisões do STF, apagamento de vozes críticas, divulgação de Fake News e má gestão da pandemia”, destacou a parlamentar.

Parlamentares, entre eles o líder Bohn Gass, protestam em plenário contra o presidente Bolsonaro.

Significado profundo

A sessão solene aconteceu na manhã desta quarta-feira (24), no Plenário Ulysses Guimarães, e foi coordenada pela Segunda Secretaria da Casa. “Esta é a mais alta comenda outorgada pela Câmara dos Deputados e se reveste de um profundo significado. Expresso aos agraciados minha admiração pelas realizações em prol do povo brasileiro, parabenizando-os pela trajetória cujo reconhecimento ora traduz o compromisso com o credo democrático e também com princípios fundamentais de liberdade, igualdade e pluralismo.”

O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP) destacou que dedica a medalha às trabalhadoras e trabalhadores do Sistema Único de Saúde, Sistema Único de Assistência Social que sempre tiveram na linha de frente neste momento trágico que o Brasil enfrenta, seja no impacto da pandemia da Covid-19, seja no impacto indireto da pandemia como a fome e a perda de renda. “Em nome desses trabalhadores é que fiz questão de aceitar, de estar presente na Cerimônia porém, também por conta desses trabalhadores, não podia deixar de me posicionar diante de um genocida como Bolsonaro, que infelizmente foi indicado por líderes de seu partido à essa medalha. Como eu não tinha direito a fala, recorri aos cartazes para me expressar diante das mais de 613 mil vidas perdidas e por vacina sim e viva o SUS”, disse o deputado, que também é médico.

Além de Bolsonaro, que foi indicado pelo líder do PSL na Câmara dos Deputados, Major Vitor Hugo, estiveram entre os homenageados o Papa Francisco, o ministro de Relações Exteriores, Carlos França, o fotógrafo Sebastião Salgado, o ex-ministro da Justiça, Fernando Lyra e o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT-SP), sendo os dois últimos indicações da deputada Marília Arraes.

Veja o discurso na íntegra:

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*Com informações do PT na Câmara