Por Alexandre Padilha publicado na Revista Fórum
Nesta semana o Governo do Estado de São Paulo apresentou o “Plano São Paulo”, onde foi anunciada a retomada parcial das atividades econômicas e comerciais das regiões metropolitanas utilizando como critério principal o número de casos confirmados por Covid-19.
Quero deixar claro, mais uma vez, que sou favorável a um planejamento organizado para a reabertura das atividades e da locomoção nas cidades desde que seja feita a partir da característica de cada região do país. Por isso, apresentei o projeto de lei que institui o plano “Protege Brasil”, que foi inspirado em experiências internacionais e estabelece critérios rigorosos, claros e seguros para a criação de diretrizes nacionais para a retomada gradual das atividades econômicas e comerciais.
É totalmente irresponsável abrir as atividades comerciais e econômicas de uma região que teve crescimento de casos suspeitos e confirmados de Covid-19 nos últimos 14 dias, como por exemplo na cidade de São Paulo, que nas últimas duas semanas apresentou aumento diário do número de mortes confirmadas.
Outra irresponsabilidade: não dá para tratar todas as regiões metropolitanas do estado de São Paulo com critérios diferentes. Não faz sentido abrir atividades como shopping na capital e não entender que isso significa que trabalhadores do conjunto de outras cidades da região vão se deslocar para seus postos de trabalho nestes estabelecimentos. E os consumidores irão circular para irem a esses serviços que estarão abertos. Há que se definir critérios e regras para capital do estado e também para as outras regiões.
Ao apresentar este plano o Governo do Estado não prepara a população para enfrentar o distanciamento físico de acordo com realidades em que as pessoas vivem nas comunidades, onde famílias inteiras moram, muitas vezes, no mesmo cômodo. Em realidade como essa, se uma pessoa é infectada, rapidamente a doença vai ser transmitida para as outras pessoas da casa.
O Governo do Estado de São Paulo não apresentou planos seguros para enfrentar o momento crítico da pandemia e para o processo de reabertura das atividades. O anúncio da reabertura mostra claramente a falta de compromisso com os trabalhadores. Como iniciar um processo de reabertura sem garantir a proteção necessária para todos? Não há regras claras de como os empresários irão proteger seus funcionários.
Por esses motivos, fica clara a submissão do Governo do Estado de São Paulo as pressões de interesses econômicos. As medidas de distanciamento só protegem as classes média e alta que são internadas nos hospitais privados. Agora que há queda de internações nesses estabelecimentos, viram as costas para o povo que mais sofre. Também falta coragem de enfrentar os interesses privados para salvar vidas.