Por Alexandre Padilha

”Olha lá, aquela estrela que tentaram apagar. Não se apaga, não se rende, é o brilho dos olhos da gente!” (Jingle Lula-Haddad 2018)

Que cidade é essa que elegeu uma nordestina, assistente social e de esquerda quando sequer tínhamos o direito de votar em Presidente da República?

Que cidade é essa que escolheu, há vinte anos, uma sexóloga do Partido dos Trabalhadores para ser sua segunda prefeita da história?

Que cidade é essa que elegeu um professor para mudar o nosso jeito de pensar e vivê-la e, enfim, transformá-la “da porta para fora” de nossas casas?

Essa cidade é São Paulo. E São Paulo é uma cidade em disputa! Com um povo que vive e se orgulha de todas as suas conquistas. E que também enfrenta e sobrevive a todos os seus retrocessos.

É preciso voltar a conquistá-la! Seguindo o caminho que já trilhamos outras vezes, mas também através de uma nova trajetória que ainda estamos por construir. É hora de “levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima! ”, como nos ensinaram os poetas da cidade!

São Paulo mudou muito desde que a governamos pela primeira vez.

É verdade, no entanto, que a cidade piorou desde que saímos da gestão há quatro anos. Aumentou a distância entre os muito ricos e maioria da população, entre a periferia e os bairros nobres, entre quem tem acesso a tudo e a quem quase nada tem. Para mudar essa São Paulo tem que tomar lado e ter firmeza no que se defende. Quem não disser a que vem, não conquistará os corações e sonhos dos paulistanos!

E nós somos aqueles que só tem a ganhar com a transformação de nossa realidade! Somos as famílias das crianças escandalizadas com a ração humana de Doria nas escolas, somos os jovens que não tem Wi-fi nas praças e nos espaços públicos, somos os amigos dos ciclistas acidentados na volta do trabalho, somos as milhares de mulheres violentadas em casa, na rua, no local de trabalho e que não encontram políticas públicas que enfrentem essas violências, somos os idosos que tiveram os cinemas nos CEUs cancelados por falta de manutenção, somos a juventude negra que é diuturnamente atacada onde quer que esteja, somos as famílias que temeram ver a escola de seus filhos vendida por Bruno Covas, somos os trabalhadores que passaram a ver a distância para trabalho aumentar pela falta de políticas corretas de mobilidade urbana, somos os empresários achacados pelo governo municipal, somos a diversidade de São Paulo que se sente insegura nos espaços públicos, somos a saúde pública que padece nas filas e no desmonte do SUS, somos a cidade que é deixada à margem dos privilégios! Não queremos nada para nós, queremos tudo para todos, aquilo que é nosso por direito!

E nós do PT temos esse propósito de existir, a vontade de transformar e a missão que nem os mais violentos opositores conseguiram derrotar!

Nossa região metropolitana tem quase dois milhões de desempregados, existem mais de 22 anos de diferença na expectativa de vida a depender da região da cidade em que você nasce e vive e aumentou a taxa de mortalidade infantil.

As políticas de Bolsonaro, Doria e Bruno Covas aprofundam essas desigualdades que hoje dividem a nossa cidade. Cresce o número de trabalhadores de aplicativos sem suporte das políticas governamentais ou com direitos trabalhistas assegurados ao passo que nossa juventude não faz parte dos planos dos que estão no poder. Quem governará em favor dessas pessoas?

Por isso, é preciso um programa a serviço das maiorias sociais e das periferias da cidade! Um governo que puxe a retomada do desenvolvimento com efetivação de direitos e distribuição de renda, garantindo a diversidade e liberdade própria de nosso povo. Devemos apresentar um modelo de governança que esteja ancorado no séc. XXI e nas novas tecnologias, mas que sirva principalmente para aproximar as pessoas e estimular a participação social.

É preciso resgatar as pessoas desesperançosas e desacreditas e refazer os laços de confiança entre nós do PT, a sociedade e os movimentos sociais. É necessária uma candidatura que empolgue e aglutine a militância de esquerda, pois sem ela não é possível vencer, mas que também saiba dialogar com outros setores que, alinhados a um programa democrático e de enfrentamento ao obscurantismo e à retirada de direitos, possa construir alternativas e contribuições em um projeto vitorioso.

Eu, que fui o Ministro da Coordenação Política do Presidente Lula (o mais jovem a ser nomeado na época) e estive ao seu lado trabalhando para tirar do papel aqueles sonhos que havíamos construído por décadas, sei da força de nosso projeto e da condição que temos de superar as expectativas quando estamos unidos e organizados.

Foi isso o que fizemos ao criar o Mais Médicos durante o governo da presidenta Dilma e quando Secretário de Saúde do prefeito Haddad na sua gestão na cidade de São Paulo, em que enfrentamos todos os tipos de oposição justamente por servir aos interesses e necessidades do povo!

Hoje, como deputado federal, continuo resistindo e lutando contra a combinação do “obscurantismo ostentação” e agenda neoliberal de governo para os muitos ricos de BolsoDoria, que tem como legado a destruição de vidas e do nosso meio ambiente de forma irreversível.

Fui convencido por companheiros e companheiras que o que posso fazer de melhor para enfrentar esta coalizão de Doria, Bolsonaro e Bruno Covas é colocar meu nome à disposição do PT e da esquerda para ser candidato a Prefeito na cidade de São Paulo, na eleição que polariza a maior região metropolitana de nosso país. Para mudar São Paulo tem que ter lado, da maioria do nosso povo. Não pode ficar parado, passivo, em cima do muro diante dos desafios.

Sei que o PT tem à sua disposição outros ótimos nomes para nos representar na eleição e também estou convencido de que seremos capazes de encontrar a melhor unidade de ação com base na maior diversidade de ideias que nos forjam.

Vamos construir uma campanha que envolva e defenda os movimentos sociais, que nos faça sentir orgulho de nosso partido e traga as nossas bandeiras de volta para a fronte da batalha política da cidade!

Isso não é tarefa de um só nome e muito menos de frações internas nossas. Isso é o horizonte que se abre para uma retomada do projeto democrático e popular na cidade de São Paulo, para a reconexão de nosso partido com as bases e as periferias paulistanas, para o povo voltar a ser feliz!

Unidos, convictos de que é possível vencer e conscientes do significado que este momento tem para o Brasil, chegaremos a novembro confirmando aquilo Lula sempre diz: “Que ninguém nunca mais duvide da capacidade de luta da classe trabalhadora! ”.