Por Alexandre Padilha para o Brasil de Fato
A atitude do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de negar apoio para deslocamento de famílias de brasileiros que estão na região de Wuhan, na China e nas Filipinas, é criminosa e que remonta a forma como foi tratada a lepra nos tempos da bíblia.
Aliás, a igreja católica e todas as igrejas cristãs já pediram desculpas, historicamente, pelo processo de exclusão criminoso que sofreram as pessoas vítimas da lepra. Bolsonaro, em sua frase, negando apoio ao deslocamento de famílias brasileiras que estão na Filipinas, repete exatamente a mesma diretriz.
A fala de Bolsonaro – “é melhor que fiquem lá, pra não transmitir a doença aqui”–, além de ser uma atitude criminosa, de exclusão e de estigma, é também uma atitude sem base científica.
Não à toa, os Estados Unidos, o Japão e países da Europa fizeram apoio ao deslocamento dos seus cidadãos que estavam na região de Wuhan, exatamente porque, ao dar este apoio, o governo facilita o controle e as barreiras sobre deslocamento deses pacientes e dessas pessoas.
É possível investigar melhor, avaliar melhor e, com isso, bloquear a transmissão para os Estados Unidos, para o Japão, para os países europeus.
O que Bolsonaro está fazendo, deixar as famílias ao seu sofrimento e fazendo com que elas busquem formas de deslocamento, é exatamente dificultar a ação de controle de barreira na possível chegada deles ao Brasil e a outros países.
Já subiu o nível de risco de termos o coronavírus aqui no Brasil, atingimos o nível dois, que é chamado “perigo iminente”, e é fundamental que as ações de alerta aos profissionais de saúde aumentem, mas é fundamental também que os discursos de estigma, de intolerância e de obscurantismo de Bolsonaro diminuam.
Bolsonaro aqui despreza o SUS, a ONU e a OMS, está vendo essas organizações serem as principais tábuas de salvação para que o Brasil não tenha uma tragédia similar à da China.