Nesta terça-feira (3) a Comissão de Seguridade Social e Família realizou Audiência Pública para debater o Projeto de Lei nº 3.635/2019, que “Garante à gestante a possibilidade de optar pelo parto cesariano, a partir da trigésima nona semana de gestação, bem como a analgesia, mesmo quando escolhido o parto normal”. O requerimento com pedido de realização foi do deputado Alexandre Padilha (PT-SP).
Participaram da audiência representantes dos Ministérios da Saúde da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, entidades médicas e profissionais da saúde. O projeto da deputada Carla Zambelli (PSL-SP) possui o mesmo teor do que foi sancionado no estado de São Paulo, permitindo a cesárea sem indicação médica e aguarda análise da Comissão de Educação.
“Decidi organizar essa audiência por ser um assunto que significa qual a melhor forma com que a mãe dê a luz ao seu bebê, de acordo com a sua condição de saúde, não pode ser um assunto tratado pelos deputados sem ouvir os profissionais de saúde, a sociedade e as mulheres”, explica o deputado Padilha.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), sociedade médica e diretrizes da Atenção Materna Infantil do Ministério da Saúde estabelecem critérios técnicos sobre o tipo de parto a ser realizado e a garantia de analgesia, mesmo nos partos normais.
Padilha explica que há instituições públicas e privadas que não respeitam as regras do direito da gestante e do bebê na hora do parto, ocasionando negligência médica e violência obstétrica. “Infelizmente essa situação de negligência e violência está sendo utilizada como argumento para defender o parto o mais rápido possível, dando a mulher autonomia de exigir o direito a cesárea. Esse PL proposto tenta não garantir o direito a cesárea no momento adequado e com a indicação, mas sim, induzir que as mulheres exijam a cesariana como uma forma de se defender das negligencias e violências, que não acontecem apenas nos partos normais, mas também nas cesarianas”.
Representantes do Ministério da Saúde e do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos defenderam o que é o indicado pela OMS em garantir o direito da gestante e as recomendações médicas, sem que haja estimulo ao parto cesariano. Para a Coordenadora de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Fernanda Feitoza, a proposta deve deixar claro que o parto normal é o meio mais saudável.
Marianne Pinotti, Médica Ginecologista, a linha de cuidados da gestante durante toda a gestação é fundamental para que a decisão da escolha seja tomada de maneira conjunta e adequada. “Há que se ter responsabilidade sobre o processo da gestação. Essa decisão é imposta em um momento de muita fragilidade, as condições do parto tomadas sem responsabilidade podem trazer a escolhas erradas para a mãe e criança”.
Estiveram presentes na audiência:
Maximiliano Marques, representante do Ministério da Saúde
Daphner Rattner, professora da Universidade de Brasília e Presidente da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento – ReHuNa
Marianne Pinotti, médica ginecologista/mastologista
Roselane Gonçalves Feliciano, professora curso obstetrícia da USP
Lília Nunes dos Santos, diretora do Departamento de Promoção da Dignidade à Mulher
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
Etelvino Trindade, membro da câmara técnica de ginecologia do CFM