Governo Bolsonaro demonstra descompromisso com a vida das crianças



*por Alexandre Padilha para o Saúde Popular

Essa semana mais uma notícia que mostra a destruição de programas consolidados do Ministério da Saúde ao longo de décadas. Mais uma demonstração da irresponsabilidade do governo Bolsonaro com a vida das pessoas, sobretudo das crianças em nosso país: a falta da vacina pentavalente em vários estados do Brasil.

A incorporação da vacina pentavalente no Sistema Único de Saúde (SUS) foi feita durante a nossa gestão no Ministério da Saúde (gestão Dilma Rousseff), exatamente como uma estratégia para reduzir o número de picadas [das imunizações] que uma criança sofre e, com isso, aumentar a adesão de crianças protegidas contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite.

Justamente num período – após o golpe contra o governo Dilma – que se tem uma redução da cobertura vacinal, a interrupção na distribuição dessa vacina aos estados e municípios é mais uma demonstração da absoluta incompetência e descompromisso com a vida e a saúde do povo brasileiro.

É também uma demonstração muito clara do que aconteceu depois do golpe nesse país, e tem tido continuidade dessa redução no governo Bolsonaro, não é obra de fakenews no Facebook, porque quando eu fui ministro da Saúde já havia campanhas nas redes sociais contra a vacina, mas à época nós atingíamos 100% da cobertura vacinal.

Hoje as campanhas antivacinas continuam, o que foi interrompido foi o compromisso do governo federal e do Ministério da Saúde com a vida de nossas crianças e da população brasileira.

Saúde Popular: Força dos trabalhadores que parou o Brasil tem que parar o Congresso



Por Alexandre Padilha para o Saúde Popular*

O Brasil inteiro parou e a força da classe trabalhadora não pode ser negligenciada mais pelo Congresso Nacional e pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Se a semana se encerrava em mais uma derrota da proposta de reforma da Previdência de Bolsonaro e Paulo Guedes (ministro da Economia), com a exclusão da capitalização, com a exclusão dos ataques ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), a exclusão dos ataques aos trabalhadores rurais, no relatório apresentado na Comissão Especial da Previdência, retirando o centro daquilo que era defendido por Bolsonaro, a força das trabalhadoras e trabalhadores [na greve geral] mostrou claramente que não dá para aceitar o grande acordo que buscam construir no Congresso Nacional. Porque retira direitos fundamentais dos trabalhadores e trabalhadoras, além de aprofundar a desigualdade no País.

Nós coordenamos, pela Comissão de Seguridade Social e Família, um conjunto de audiências públicas no interior do estado de São Paulo e na capital encerrados essa semana, onde foi analisado exatamente o impacto da proposta da Previdência sobre as mulheres.

Se é verdade que muito da crueldade estava concentrada na proposta da capitalização, impacto que isso teria sobre as mulheres, na mudança da aposentadoria para os trabalhadores rurais e na mudança do BPC, é verdade também que a proposta da idade mínima mantida pela redação do relator da Comissão Especial continua sendo muito cruel com elas.

Os estudos e as audiências públicas mostram que as mulheres trabalham mais, por mais tempo, assumem o trabalho doméstico e começam a trabalhar mais cedo também do que os homens, ganhando menos ao longo de toda a vida e nos recursos da aposentadoria.

Neste sentido, o estabelecimento de uma idade mínima, como proposta do relator da Comissão Especial aprofunda a desigualdade em relação às mulheres.

Por isso que a força da greve geral tem que ser a mesma para pressionar o Congresso a não aprovar a mudança na Previdência.

A medida provisória de Bolsonaro que destrói políticas públicas



Por Alexandre Padilha, para o Saúde Popular

 

Essa semana foi quente no Congresso, sobretudo pela presença dos povos indígenas, o maior abril indígena já realizado nos últimos anos que trouxeram a força, identidade e expressividade de quem protege uma parte importante do patrimônio natural, cultural e biológico brasileiro. A força e a presença dos povos indígenas foi de uma expressividade enorme e que colocou em cheque o discurso e postura do Presidente
Bolsonaro.

Essa força não aconteceu só na esplanada ou na audiência com o Presidente Rodrigo Maia, mas também nos corredores do Congresso, nas audiências públicas que realizamos essa semana para discutir a Medida Provisória 870/2019, que foi a primeira iniciativa de reforma administrativa de Bolsonaro, que tenho chamado da MP da destruição porque ela tenta destruir um conjunto de políticas. E os índios estiveram presentes em todas essas audiências, não só eles como o movimento sindical, juristas, procuradores, organizações não governamentais, e ficou muito claro que essa MP do Bolsonaro, de um lado não cumpre com os seus argumentos, que é de enxugar a máquina e reduzir suas estruturas, e do outro fere fortemente a Constituição brasileira.

Três eixos estão claros nessa medida: primeiro é que não enxuga. Bolsonaro diz que reduz sete ministérios, mas não mostra que cria 20 novas secretarias especiais e três áreas no governo de coordenação dos programas de desestatização e privatização. A sede por privatizar é tão grande que acaba com o Ministério do Trabalho e Emprego e da Cultura e cria três áreas para privatização da máquina brasileira.

Segundo reforça a ineficiência porque pega umas áreas e as fatia de maneira desconexa, um exemplo é o Ministério do Trabalho e Emprego que foi um pedaço para o Ministério da Justiça junto das polícias e outro para o Ministério da Cidadania, e outro pedaço para lugar nenhum. A mesma coisa está acontecendo com a agricultura familiar e com os direitos da população LGBT, que simplesmente desapareceu da estrutura dos ministérios brasileiros. E tenta criar algo muito grave, nitidamente inconstitucional, que é uma área na Presidência da República que teria o papel de coordenar, monitorar e supervisionar as organizações não governamentais e organismos internacionais no Brasil, ou seja, Bolsonaro quer supervisionar a ONU, Unicef, Unesco, Banco Mundial.

É um arroubo autoritário que felizmente a nossa Constituição não permite e eu
acredito que o Congresso Nacional não vai permitir que seja aprovada.