O deputado Alexandre Padilha criticou duramente a ingerência de Jair Bolsonaro (PL) no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e entrou com requerimento nesta quinta-feira (3) solicitando informações sobre a exoneração de Wilson Aparecido Parejo Calvo da direção do órgão.

“A atitude do governo Bolsonaro, na mesma semana que seu ministro da ciência e tecnologia anuncia que vai sair do governo, exonerar a direção do IPEN sem consultar o governo do estado de SP, a instituição estadual e os seus pesquisadores, mostra que desde o começo, o projeto de Bolsonaro é sufocar o IPEN”, diz Padilha sobre o ministro Marcos Pontes, que vai deixar o governo para ser candidato a deputado federal pelo PL.

Para Padilha, o sufocamento do Ipen começa muito antes da exoneração da diretoria, medida que foi criticada Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Segundo a entidade, devido ao convênio firmado para a gestão da autarquia, decisões referentes ao cargo de superintendente devem passar por avaliação do Conselho Superior do Instituto, que não estava ciente da exoneração de Calvo.

“Sufocou cortando recursos, sufocou tentando aprovar mudança na Constituição para transferir para o setor privado essa produção e agora sufoca rasgando o convênio com a instituição estadual histórica para a saúde pública e para a pesquisa tentando cortar a cabeça de sua direção e indicar um bolsonarista de plantão”, disse Padilha à Fórum.

Entre as indagações, o deputado pergunta sobre a justificativa para demissão de Calvo e porque o ministério ignorou o convênio com o estado de SP.

Paralisação de produção de insumos para tratamento de câncer

O corte por Bolsonaro de 87% dos para o setor de ciência e tecnologia neste ano – a queda foi de R$ 690 milhões para R$ 89,8 milhões em 2021 – teve um grande impacto no Ipen.

Em outubro, o instituto paralisou por duas vezes em 30 dias a produção de radiofármacos usados para o diagnóstico de câncer no Brasil.

O radiofármaco conhecido como “gerador de molibdênio-tecnécio” é o mais utilizado no país. Cerca de 80% dos procedimentos que demandam radiofármacos no país utilizam esse produto.

*Com informações da Revista Fórum

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